terça-feira, 8 de março de 2016

Dia Internacional das Mulheres










O Dia Internacional da Mulher – a história da violência
Hoje, dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher (1). Com certeza é uma data de júbilo quando lembramos o desmonte gradativo e ainda longe de concluído de barreiras que submetem seres humanos tão extraordinários a empáfia, ignorância, violência e complexos masculinos.
O homem sempre se prevaleceu de sua força física e da extrema fragilidade da mulher quando grávida, por exemplo. Graças a isso em quase todas as ideologias (colocadas em prática), religiões e até em sociedades que dizem cultuar os Direitos Humanos a segregação é ainda visível e odiosa (2).
Ao longo da história da Humanidade coube às mulheres trabalhos menores, isolamento, punições severíssimas e poesias, elogios e cânticos inúteis.
Com certeza existem diferenças maravilhosas entre os sexos, o que viabiliza a união e continuidade da espécie dita humana. Essas diferenças, contudo, provavelmente diante das dúvidas em relação à paternidade, misoginia, complexos que só Freud explica se transformaram em rejeição e dominação.
Por coincidência ou não o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, é a data (dia e mês) em que Hipátia foi assassinada[1][ (3), (4), (5)]. A intolerância religiosa matava uma personalidade fantástica, talvez por isso também despertando o ódio de tantos idiotas.
Em 8 de março de 1857 um crime traumatizou o povo norte americano marcando a data para sempre;

No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. (6)

Inúmeras mulheres mostraram virtudes colossais, ainda insuficientes para demolir barreiras que se baseiam em preconceitos absurdos, alguns cruéis, outros simplesmente oportunistas. No Brasil a violência covarde contra seres humanos que relutam reagir energicamente à estupidez masculina.
Catarinense aprendi muito cedo a energia e força de mulheres que aparentemente frágeis eram capazes de atos incríveis, como vi minha mãe trabalhando noite e dia, bordando “para fora”, enfrentando bandidos, enfeitando a casa com floreiras, cantando maravilhosamente, cuidando sozinha dos filhos e de sua casa enquanto as águas subiam durante enchentes, zelando por tudo e ainda assim sendo extremamente carinhosa com meu pai. O exemplo ela tinha de sua cidade natal, Laguna, onde Anita Garibaldi conheceu seu companheiro para inúmeras batalhas. Meu pai, florianopolitano, tinha em sua mãe e minha avó Angelina (vó China) o modelo de mulher capaz de enfrentar um ladrão, dar-lhe roupas e se despedir pela porta da frente de sua casa na Praça Hercílio Luz. A capital de SC foi berço de Antonieta de Barros[2] [ (7), (8)] e lugar de muitos pescadores que saiam para o mar enquanto suas esposas enfrentavam tudo em seus barracos...
Felizmente no Brasil podemos relacionar inúmeras mulheres especiais, que beleza! Falta, contudo, enfrentar pessoas que Mário Vargas Lhosa tão bem descreveu em “Guerra no Fim do Mundo”. Muitos recantos nacionais ainda mantêm preconceitos mortais...
Não sem razão nossa Confreira na Academia de Letras José de Alencar lutou muito para ser a primeira Desembargadora Negra do Brasil [ (9), (10)]. A dupla condição de ser afrodescendente e mulher exemplifica o poder latente e capaz de realizar milagres. No Instituto de Engenharia do Paraná a Engenheira Enedina Alves Marques[3] (11) é um ícone de luta, cometência e coragem.
Tivemos a oportunidade de viajar muito e morar em diversos lugares. As telinhas da mídia comercial são onipresentes. É fácil sentir que lamentavelmente o culto à mulher objeto, boneca, tola e frágil é universal e base de interesses industriais e comerciais.
Muita coisa precisa mudar, seria fantástico se em nossas escolas as crianças aprendessem e conhecessem melhor personagens emblemáticas femininas que fizeram história, inclusive marcando, pelo martírio o início de vários períodos sombrios da história da Humanidade e, ao contrário, a conquista de seus direitos (12), com destaque para o direito de votarem e serem eleitas.
A comemoração do Dia Internacional da Mulher deve ser momento de reflexão e fortalecimento de lutas a favor da Justiça e libertação desse ente maravilhoso, a mulher.

Cascaes
8.3.2016

1. Dia Internacional da Mulher. Wikipédia. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_da_Mulher.
2. Violência contra a Mulher. Terra. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] http://noticias.terra.com.br/mundo/violencia-contra-mulher/.
3. Hipátia. Wikipédia. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%A1tia.
4. Moreira, Danilo. Conheça a história de Hipátia de Alexandria. O Gênio Criador. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] http://www.geniocriador.com.br/potencial-criativo/141-conhe%C3%A7a-a-hist%C3%B3ria-de-hip%C3%A1tia-de-alexandria.html#.Vt8PmJwrJaU.
5. LOBATO, JOÃO PEDRO. HYPATIA: UMA CIENTISTA NUM MUNDO DE HOMENS. OBVIOUS. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] http://obviousmag.org/archives/2011/05/hypatia_uma_cientista_num_mundo_de_homens.html.
6. História do Dia Internacional da Mulher. Sua Pesquisa.com. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] http://www.suapesquisa.com/dia_internacional_da_mulher.htm.
7. ANTONIETA DE BARROS. HERÓIS DE TODO MUNDO. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.], http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/antonietadebarros
8. BASTOS, ÂNGELA. Maria da Ilha, um retrato da catarinense Antonieta de Barros em crônicas. DC:. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2013/08/maria-da-ilha-um-retrato-da-catarinense-antonieta-de-barros-em-cronicas-4244221.html.
9. Desembargadora Luislinda Dias de Valois Santos na Cadeira nº 6. Academia de Letras José de Alencar - Notícias . [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] http://academiadeletrasjosedealencar.blogspot.com.br/2014/11/desembargadora-luislinda-dias-de-valois.html.
10. Conversando com a Confreira e Embaixadora da Paz Luislinda Dias de Valois Santos - ponderações sobre ações ALJA. Academia de Letras José de Alencar - Notícias. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] http://academiadeletrasjosedealencar.blogspot.com.br/2013/12/conversando-com-confrade-e-embaixadora.html.
11. Enedina Alves Marques. Wikipédia. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] https://pt.wikipedia.org/wiki/Enedina_Alves_Marques.
12. Sufrágio feminino. Wikipédia. [Online] [Citado em: 8 de 3 de 2016.] https://pt.wikipedia.org/wiki/Sufr%C3%A1gio_feminino.





[1] Hipátia ou Hipácia (em grego: Υπατία; transl. Ypatía) (Alexandriac. 351/70 – Alexandria8 de março de 415 ) foi uma neoplatonista grega e filósofa do Egito Romano, a primeira mulher documentada como sendo matemática.[ Como chefe da escola platônica em Alexandria, também lecionou filosofia e astronomia.
Como neoplatonista, pertencia à tradição matemática da Academia de Atenas, representada por Eudoxo de Cnido e  era da escola intelectual do pensador Plotino que a incentivou a estudar Lógica e Matemática no lugar de investigação empírica, e a estudar Direito em vez de ciências da natureza.
De acordo com a única fonte contemporânea, Hipátia foi assassinada por uma multidão de cristãos depois de ser acusada de exacerbar um conflito entre duas figuras proeminentes na Alexandria: o governador Orestes e o bispo de Alexandria, Cirilo de Alexandria

[2] Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 11 de julho de 1901. De família muito pobre, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mãe. Ingressou com 17 anos na Escola Normal Catarinense, concluindo o curso em 1921.
Em 1922, a normalista fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente. O curso foi dirigido por ela até sua morte e fechado em 1964. Professora de Português e Literatura, Antonieta exerceu o magistério durante toda a sua vida, inclusive em cargos de direção. Foi professora do atual Instituto de Educação entre os anos de 1933 e 1951, assumindo sua direção de 1944 a 1951, quando se aposentou. Antonieta de Barros notabilizou-se por ter sido a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina. Eleita em 1934 pelo Partido Liberal Catarinense, foi constituinte em 1935, cabendo-lhe relatar os capítulos Educação e Cultura e Funcionalismo. Atuou na assembleia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo.
[3] Enedina Alves Marques (nascida em CuritibaParaná, em 13 de janeiro de 1913 - 1981, também em Curitiba) foi uma engenheira brasileira. Formou-se em Engenharia Civil em 1945 pela UFPR, entrando para a história como a primeira mulher a se formar em engenharia no estado e a primeira engenheira negra do Brasil.
Quem é bisavô, avô e pai de crianças, jovens e mulheres tem razões muito especiais para querer a vitória delas, sem preconceitos, humilhações e sofrimentos absurdos.

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